“Num estudo para o negro, a nosso ver, seria antes de tudo necessário estudar os problemas do negro (ou do grupo assim chamado) de maneira que se colocasse o seu destino num marco de referência mais amplo da experiência humana — e não apenas as falências sociais do negro.”

Contraideologia da mestiçagem reúne pela primeira vez a obra do sociólogo e ativista Eduardo de Oliveira e Oliveira. O conjunto é representativo das várias esferas nas quais o autor atuou como intelectual público ao longo dos anos 1960 e 1970 e foi organizado a partir de sua coleção documental depositada na Unidade Especial de Informação e Memória da UFSCar, em São Carlos.
Oliveira e Oliveira idealizou e organizou a Quinzena do Negro na USP, realizada entre maio e junho de 1977. O evento, que viria a se tornar um marco na trajetória do movimento negro brasileiro, foi acompanhado de perto pela ditadura militar.
Considerado “perigoso” pelo regime, o autor não encontrou acolhida para suas ideias nas ciências sociais e nem sequer finalizou seu doutoramento. Seu ativismo e suas teses, porém, compuseram o vigoroso esforço coletivo que transformou o termo “negro” numa categoria política que engloba pessoas pretas e pardas e serviu de lastro conceitual para a construção das atuais políticas de ação afirmativa.